Artigo 1 – Alexander Hamilton

Hoje, 17 de fevereiro de 2025, o musical Hamilton completa 10 anos desde sua estreia no circuito Off-Broadway. A canção de abertura não apenas apresenta o protagonista, mas também define o tom e o estilo do espetáculo. Essencial para a narrativa, ela resume os principais acontecimentos que marcaram a vida de Alexander Hamilton antes de sua chegada aos Estados Unidos.

Leia a tradução da canção: Alexander Hamilton – tradução.

Sumário

História

Alexander Hamilton nasceu em 11 de janeiro de 1755, um ano antes de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791). Ao longo de sua vida, foi uma figura fundamental na Independência dos Estados Unidos e na construção da nova nação, além de testemunhar a Revolução Francesa. Embora tenha morrido cedo, aos 49 anos, realizou grandes feitos, assim como Mozart, que faleceu aos 35. O talento que Mozart apresentava em música, Hamilton apresentava na escrita.

“A mente de Hamilton sempre trabalhava em uma velocidade sobrenatural. […] Seus papéis mostram que, assim como Mozart, ele era capaz de transpor ideias complicadas para o papel com poucas revisões.”

Ron Chernow

Mas há uma diferença crucial entre esses dois prodígios, que torna a história de Hamilton ainda mais surpreendente: sua origem humilde. Enquanto Mozart foi um menino prodígio, incentivado desde cedo pelo pai, Hamilton precisou superar o abandono, a orfandade e a pobreza para conquistar seu lugar na história.

Seus pais

Filho ilegítimo, Alexander Hamilton era filho de Rachel Faucette e James Hamilton.

Rachel Faucette: a mãe inteligente e decidida

Rachel Faucette nasceu por volta de 1729 e foi a sexta criança de sete filhos. Seus pais, Mary Uppington e John Faucette, casaram-se em 21 de agosto de 1718, em Névis.

Há indícios de que seus pais, John e Mary, brigavam constantemente, talvez agravado pelo fato de terem perdido cinco dos seus sete filhos ainda crianças, e pela crise econômica trazida por um praga agrícola que abalou a ilha em 1737. Com as doenças constantes que assolavam a ilha, os únicos filhos sobreviventes dos Faucette foram Rachel e sua irmã Ann, mais de 10 anos mais velha.

Mary Faucette, mãe de Rachel, não gostava nem um pouco da vida estagnada que vivia com seu marido John Faucette. Disposta a ascender social e financeiramente, solicitou uma separação jurídica do marido ao chanceler de Leeward Islands. Após o acordo de 1740, em que o casal concordava em “viver separadamente e longe um do outro pelo resto da vida”, Mary levou consigo sua filha para Santa Cruz, onde morava sua filha Ann.

Ann Lytton, irmã mais velha de Rachel, havia prosperado em Santa Cruz. Ao lado do marido James Lytton, mantinha uma propriedade chamada a Granja, na capital de Santa Cruz, Christiansted. É provável que Mary e Rachel tenham conhecido Michael Lavien através dos Lytton.

Johann Michael Lavien, que viria a se casar com Rachel, era um dinamarquês que sonhava se tornar rico rapidamente como agricultor. Profundamente endividado devido às recentes empreitadas fracassadas, Lavien viu na bela e rica Rachel uma saída para seus problemas.

Naquele acordo de 1740 de separação jurídica dos Faucette, Mary havia renunciado a todos os direitos às propriedades do marido. Cinco anos depois, John Faucette veio a falecer, fazendo da jovem de dezesseis anos Rachel Faucette uma herdeira de uma “considerável fortuna”.

“Um dinamarquês, um caçador de fortunas chamado Lavine veio a Névis enfeitado de ouro e dirigiu suas atenções a minha mãe, na época uma moça formosa, além de dona de uma considerável fortuna.”

Alexander Hamilton

Iludida pela aparência de Michael Lavien, Mary arranjou o casamento entre ele e sua filha, contra a vontade de Rachel. Em 1745, aos 16 anos, no mesmo ano em que Rachel havia se tornado herdeira, ela se casou na Granja com Michael Lavien, pelo menos doze anos mais velho do que ela. No ano seguinte, nasceu o único filho do casal, Peter.

Foi um “casamento execrável”, na avaliação de Hamilton. Michael Lavien, péssimo nas finanças e nos investimentos, aumentava cada vez mais a própria dívida e acabava com a herança de Rachel numa velocidade alarmante. Completamente insatisfeita com o casamento, a jovem Rachel fugiu de casa por volta de 1750. Furioso e vingativo, Lavien mandou que a esposa fosse detida na prisão da cidade, lançando mão de uma lei dinamarquesa que permitia isso em caso de adultério.

Precisamos parar um momento para falar dos horrores que eram cometidos naquela prisão.

Christiansvaern, o forte de Christiansted, era o lugar onde escravos eram castigados das formas mais horrendas por qualquer menção de insubordinação. À margem da baía de Gallows, o forte atuava como o local de punições inenarráveis. Lá, escravos eram “chicoteados, marcados a ferro, castrados, agrilhoados com pesadas pernas de ferro, sepultados em masmorras imundas”.

Rachel ficou meses lá e é difícil imaginar os horrores que ela deve ter visto e ouvido. Ao que tudo indica, Rachel foi a única mulher presa por adultério naquela prisão. Rachel nunca refutou as acusações do marido, o que leva a crer que ela de fato havia traído o marido.

No entanto, se a intenção de Lavien era fazer com que a detenção ensinasse uma lição à esposa, conseguiu apenas aumentar a rejeição de Rachel para com ele. Após ser libertada, em 1750, a jovem Rachel passou uma semana com a mãe em Santa Cruz. Em seguida, abandonou marido e filho, e partiu para São Cristóvão, acompanhada pela mãe. Lá, viria a conhecer James Hamilton.

James Hamilton: o pai indiferente e apático

O avô de Alexander Hamilton, que também se chamava Alexander Hamilton, foi o décimo quarto senhor de terras da linhagem Cambuskeith dos Hamilton.

A família Hamilton de Cambuskeith tinha um brasão e foi proprietária de um castelo por várias gerações, chamado de Granja (sim, mesmo nome da propriedade de James Lytton, mas são lugares diferentes). Em 1685, a família se apossou do castelo de Kerelaw.

Em 1711, Alexander Hamilton (avô) se casou com Elizabeth Pollock, filha do baronete Sir Robert Pollock. O casal teve onze filhos, tendo sido James Hamilton o quarto menino.

James Hamilton cresceu como nobre no castelo de Kerelaw. Quando ainda era criança, a propriedade da família incluía uma área agrícola e uma indústria têxtil. Mas por ser o quarto filho homem da família, era improvável que herdasse a Granja.

Desde jovem, James Hamilton parecia não ter a ambição ou a habilidade que levariam seus irmãos a posições confortáveis na sociedade. Dos 19 anos aos 23 anos, James Hamilton trabalhou como “aprendiz e servo” para um comerciante de Glasgow, na Escócia. O contrato de aprendizado foi firmado pelo irmão mais velho de James, John Hamilton. Ao término do acordo, em 1741, James Hamilton decidiu ir às Índias Ocidentais, onde tentaria fazer fortuna como comerciante.

Apesar de ter tido um certo prestígio no início de seus empreendimentos, James logo enfrentou as dificuldade e os riscos do comércio agrícola naquela região. Em 1748, sua carreira já estava totalmente afundada e teria que ficar muito mais tempo naquele lugar como empregado para conseguir saldar suas dívidas.

As semelhanças entre as trajetórias entre James Hamilton e Rachel Faucette devem ter atraído os dois, que se conheceram no começo da década de 1750. Rachel, que havia fugido do marido, não poderia legitimar a união com James, porque obter um divórcio era caro e difícil naquela época.

Nascimento de Alexander Hamilton

Por muito tempo, achou-se que o ano de nascimento de Alexander Hamilton era 1757, data que ele mesmo afirmava desde que chegou aos Estados Unidos. Mas como há diversos indícios provenientes da época em que ele vivia nas Índias Ocidentais de que ele estaria diminuindo sua idade em dois anos, Ron Chernow considera que Alexander Hamilton nasceu em 11 de janeiro de 1755.

O horrores da escravidão

A vida de Alexander Hamilton nas ilhas era repleta de imagens horríveis da violência na escravidão. Escravos podiam ser marcados a ferro, castrados, receber centenas de chibatadas; se levantassem a mão contra um branco, sua mão era cortada; quem tentasse fugir, tinha um de seus pés amputado; se tentasse fugir novamente, o outro pé era cortado. Era como se os senhores de escravos quisessem sempre relembrar os escravizados da condição em que se encontravam. Qualquer cativo que agredisse um branco seria morto, por enforcamento ou decapitação. O ambiente no qual o jovem Alexander cresceu era tão violento que espantava os visitantes — um cenário brutal que marcaria profundamente sua visão de mundo.

Como a avó de Alexander por parte de mãe havia morrido, Rachel era proprietária de cinco escravas, e as alugava para complementar a renda. As escravas tinham quatro filhos, dos quais Rachel destinou um menino chamado Ajax para ser o escravo doméstico de Alexander. Então desde novo Alexander viu de perto a humanidade dos escravos e a crueldade dos brancos para com eles.

O abandono do pai

Em abril de 1765, James Hamilton recebeu uma missão comercial em Christiansted e levou sua família junto com ele. A tarefa de James era cobrar uma grande dívida de um homem que negava estar devendo à família de Archibald Ingram, antigo chefe de James Hamilton. Enquanto a ação jurídica se arrastava, Rachel e os filhos do casal moraram em Christiansted, cidade em que Rachel havia morado com Michael Lavien. Nessa cidade, que já a conhecia, ela não podia mais ocultar o concubinato. Nessa época, Peter e Alexander devem ter sofrido ainda mais a desonra de serem filhos ilegítimos.

Quando finalmente a ação foi concluída, com o lado de James Hamilton vitorioso, James abandonou sua família para sempre. Não se sabe o real motivo para essa fuga dos deveres paternais, mas Alexander Hamilton, mais tarde, viria a deduzir que o pai não conseguia mais sustentar a família. James Hamilton viajou para outra ilha, ainda no Caribe, mas nunca conseguiu sair de lá, provavelmente limitado pela pobreza.

Alexander tinha 10 anos, e agora só podia contar com a mãe e com os parentes dela.

A morte da mãe

Ann Lytton, irmã de Rachel, e James Lytton, antigos proprietários da Granja em Christiansted, tiveram que vender a propriedade após uma operação comercial fracassada feita pelo segundo filho do casal, James Lytton Jr. Então os familiares de Hamilton que haviam tido mais sucesso já não poderiam dar tanto auxílio a Rachel e seus dois filhos. E Ann Lytton nem viria a poder ajudar a irmã, pois morreu em 1765.

Com firmeza e coragem, aos 36 anos, Rachel transformou o térreo da casa em uma loja de alimentos para os fazendeiros, um feito incomum para uma mulher na época. Mas sua trajetória foi interrompida no início de 1768, quando contraiu uma doença desconhecida, que logo também atingiu Alexander.

Após uma semana de febre intensa, a mulher que cuidava dela chamou um médico, em 17 de fevereiro. As técnicas medicinais medievais do Dr. Heering não foram suficientes, e, às 21h do dia 19 de fevereiro de 1768, após dias de vômitos e diarreia, a mãe de Rachel faleceu, com seu filho Alexander, de 12 anos, ao lado.

Alexander melhorou a tempo de comparecer, junto do irmão, ao enterro da mãe. Ainda assim, a morte de Rachel não pôs fim às dívidas. Agentes do tribunal de sucessões visitaram a casa para avaliar os bens, que logo foram leiloados. Foi o tio de Alexander, James Lytton, quem arrematou a coleção de livros de Rachel para que ficasse com o menino — um tesouro para ele.

Um ano depois, o tribunal entregou todo o patrimônio restante a Peter Lavien, filho de Rachel com Michael Lavien. Peter, meio-irmão de Alexander, mostrou completa indiferença pelos órfãos Hamilton, jamais oferecendo qualquer ajuda financeira.

“Foi morar com um primo…”

Os órfãos foram morar com o primo Peter Lytton, filho de Ann Lytton. Peter, que também havia passado por uma série de negócios infelizes, cometeu suicídio em 16 de julho de 1769. No testamento, Peter não havia deixado nada para Alexander e James.

De luto pela perda da esposa e do filho, James Lytton apareceu para reivindicar a herança, para que pudesse ajudar os órfãos, mas o suicídio do filho havia causado entraves jurídicos. Em 12 de agosto de 1769, James Lytton também morreu. No testamento que havia escrito cinco dias antes, também não havia deixado nada para os órfãos. Alexander Hamilton tinha apenas 14 anos.

Colocado na direção de uma empresa

A morte do tio fez com que os irmãos tomassem caminhos diferentes a partir dali. James virou aprendiz de carpinteiro — uma profissão que brancos evitavam na época; e Alexander começou a trabalhar para a casa mercantil de Beekman and Cruger (alguns anos depois chamada de Kortright and Cruger), os fornecedores da loja de sua falecida mãe.

Como escriturário, Hamilton era responsável pelo controle do inventário de mercadorias, gestão financeira, planejamento de rotas para os navios, supervisão de embarques e desembarques, além de calcular preços em diferentes moedas.

Hamilton era tão competente que foi colocado na direção da empresa, aos 16 anos, quando Nicholas Cruger precisou viajar a Nova York, em outubro de 1771. Por cinco meses, Hamilton tomava decisões rápidas e não hesitava em repreender os subordinados, bem mais velhos que ele. Ansioso por chefiar, provavelmente não deve ter gostado quando Nicholas Cruger retornou para Santa Cruz em março de 1772.

A literatura, a escrita e o furacão

Desde muito novo, Alexander foi um menino amante de livros. Em meio a um ambiente violento e pobre, Hamilton gostava de escapar para outros mundos, lendo poesias de Alexander Pope, O Príncipe de Maquiavel, e Vidas Paralelas, de Plutarco. O primeiro texto redigido por Hamilton de que se tem notícia é uma carta para seu amigo Edward Stevens, de 11 de novembro de 1769, e nela já vemos o talento do jovem escriturário para a escrita.

Em 6 de abril de 1771, a Royal Danish American Gazette, que havia iniciado suas publicações no ano anterior, publicou dois poemas de Alexander Hamilton, a pedido do rapaz.

Talvez tenha sido através da Gazette que Hamilton conheceu um pastor presbiteriano chamado Hugh Knox, que veio a ser um grande benfeitor na vida de Hamilton. Ao jovem Alexander, Knox abriu as portas da biblioteca pessoal dele e incentivou o garoto a escrever poesia e estudar.

Em 31 de agosto de 1772, um terrível furacão abalou Santa Cruz. No dia 6 de setembro, Hugh Knox pregou uma homilia de conforto aos fiéis, que mais tarde seria publicada em forma de panfleto. Tocando Hamilton profundamente, o sermão o levou a escrever uma longa e intensa carta ao pai, relatando o terror causado pelo furacão. Knox, impressionado com a força do texto, o incentivou a permitir sua publicação na Royal Danish American Gazette, onde a carta apareceu em 3 de outubro, acompanhada por uma introdução atribuída ao próprio Knox.

Sem perceber, Hamilton, que inicialmente não queria publicar a carta, havia acabado de transformar a escrita em seu caminho para sair da pobreza.

Partindo para uma nova terra

Diante da devastação causada pelo furacão, que mergulharia Santa Cruz em uma crise econômica prolongada, Hugh Knox mobilizou uma campanha para financiar os estudos de Hamilton em Nova York. A força da história do jovem e seu talento com as palavras comoveram a comunidade, levando muitas pessoas a contribuir generosamente. Graças a esse apoio, o fundo arrecadou o valor necessário para enviá-lo ao continente e custear sua formação.

A viagem de Hamilton ao continente durou três semanas até o porto de Boston. De lá, ele seguiu para Nova York, onde buscaria a ajuda de custo na Kortright and Company, firma nova-iorquina da Kortright and Cruger, que apoiaria seus primeiros passos em direção a uma nova vida.

Música

“Ele pegou as primeiras quarenta páginas do meu livro e as condensou em uma música de quatro minutos e meio.”

Ron Chernow, em entrevista ao Center for Brooklyn History

A primeira música de Hamilton é uma obra-prima de concisão e também foi a primeira música escrita por Lin-Manuel Miranda para o projeto. Foi apresentada pela primeira vez em 12 de maio de 2009, em um Sarau de Poesia na Casa Branca.

Na época, Lin-Manuel afirmava que o projeto consistia em um álbum conceitual. Em sua primeira versão, era o personagem Burr que cantava a música toda. No entanto, depois percebeu que estava escrevendo na verdade um musical, e que a história seria contada não só pelos inimigos de Hamilton mas também pelos amigos e pessoas próximas a ele. Então a música que chegou aos palcos é cantada por vários personagens.

Antes da letra começar, a música imita o som de uma porta fechando e batendo. Lin-Manuel pegou um arquivo de áudio chamado “Door Wood Squeak” (rangido de porta de madeira) no programa de música do computador dele e transformou em notas musicais.

A partir daí, os personagens começam a cantar num estilo que lembra a primeira canção de Sweeney Todd.

Essa música de Stephen Sondheim foi uma inspiração para Lin-Manuel, que desejava iniciar a canção estabelecendo o mundo do musical através da letra e do estilo musical.

Tempo

A partir do momento em que Hamilton começa a trabalhar para a Beekman e Cruger, ele passa a ver o mundo de outra forma. Lin-Manuel Miranda compara essa parte da vida do rapaz com o momento em que Harry Potter descobre ser um bruxo: de repente, um novo universo de possibilidades se abre diante dele. Com acesso à biblioteca de Hugh Knox, Hamilton lê mais, aprimora suas habilidades administrativas como escriturário, escreve poesias e estuda intensamente.

É também nessa passagem que a música transmite sua transformação interna. Lin-Manuel descreve esse instante como uma dobra no tempo: não é a métrica que muda, mas a sensação. O andamento permanece constante, com semicolcheias contínuas, mas a densidade das palavras aumenta. É como se Hamilton espremesse mais pensamentos em cada compasso — o tempo, inalterado, soa mais curto. Como diz o próprio Lin, é o momento em que tudo “faz sentido”, e Hamilton decide usar cada segundo ao máximo, dobrando sua dedicação e urgência.

A palavra “tempo” é central neste musical, sendo repetida dezenas de vezes ao longo da peça. Já na primeira música, o elenco inteiro, de pé e voltado para a plateia, canta time (tempo) no verso You never learned to take your time! (Nunca aprendeu a dar tempo ao tempo). A palavra é alongada no compasso, antecipando a importância desse tema na história.

Personagens

No musical, alguns personagens diferentes são interpretados pelo mesmo ator, criando paralelos entre amizade, rivalidade e sacrifício.

  • We fought with him (Nós lutamos com ele) é cantado pelos atores que interpretam:
    • Hercules Mulligan e Marquês de Lafayette – amigos de Hamilton, lutaram ao lado de Hamilton, com ele.
    • James Madison e Thomas Jefferson – adversários políticos de Hamilton, lutaram com ele, ou contra ele.

  • Me? I died for him (Eu morri por ele) é cantado pelo ator que interpreta:
    • John Laurens, que morreu em 27 de agosto de 1782, não diretamente pelo Hamilton, mas lutando pela causa da Revolução Americana. Em 15 de agosto de 1782, Hamilton inclusive pediu a Laurens que se juntasse a ele na política: “Larga tua espada, amigo, veste a toga, vem para o Congresso. Conhecemos os sentimentos um do outro, nossas concepções são as mesmas. Combatemos lado a lado para tornar a América livre. Chegou a hora de darmos as mãos para torná-la feliz.” Porém, Laurens pode ter morrido antes de ter tido a chance de ler essa carta.
    • Philip Hamilton, filho de Alexander Hamilton, morreu em 24 de novembro de 1801, após um duelo com George I. Eacker, que havia insinuado que Hamilton usaria seu exército para tirar Thomas Jefferson do poder. Ao tentar tirar satisfação com ele, só o que conseguiu foram insultos ao próprio Philip e a seu amigo, Price. Então, no intuito de defender a honra do pai, Philip acabou morrendo por ele.

A frase I’m the damn fool that shot him (Sou o maldito idiota que atirou nele) consegue transmitir de forma sucinta o arrependimento de Aaron Burr, que atirou em Hamilton num duelo em 11 de julho de 1804. Hamilton veio a morrer horas depois, no dia 12 de julho. O Burr da vida real costumava dizer: “meu amigo Hamilton, quem eu matei”.

Alexander Hamilton tem, nas palavras de Lin-Manuel Miranda, “um nome absurdamente musical”. As três notas que antecedem seu nome no verso My name is Alexander Hamilton transformam essa apresentação em um pentâmetro iâmbico, o ritmo mais usado por Shakespeare em seus poemas.

O último verso da música é o nome do nosso protagonista. Agora que Hamilton, “outro imigrante vindo de baixo”, chegou ao porto de Boston, ele parte rumo a Nova York — a cidade onde poderá “se tornar um novo homem”.


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